Sintaxe À Vontade

Bem vindos a minha caixinha "Balaio" de lembranças

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cooperifa



Queria ter vivido melhor, porem, a mediocridade sempre me foi farta e generosa nos caminhos que eu escolhi para viver.
Queria ter sido mais alegre, porem, a tristeza sempre foi companheira fiel nos dias intermináveis de abandono.
Queria ter amado mais as pessoas que conheci ou que finge conhecer, porem, na maioria das vezes eu também não me conhecia.
Queria ter andado mais livre, porem, algemado a ignorância perdi muito tempo tentando voar sem si quer saber andar.
Queria ter lido mais livros, porem, analfabeto de ousadia passei muitos anos enxergando pelos dos olhos adormecidos de outras pessoas.
Também queria ter escrito mais poemas do que bilhetes pedidos desculpa, porem, as palavras sempre me vieram como culpa, quase nunca como estrelas.
Queria ter roubado mais beijos e abraços das meninas que andavam desprotegida, protegidas pela magia da infância, porem, cresci muito cedo e a timidez sempre me foi uma lei muito severa há ser comprida.
Queria ter pensado menos no futuro, porem, o passado simples nunca foi o meu melhor presente e a eternidade sempre me pareceu coisa de gente que tem preguiça de viver.
Queria ter sido um homem mais humilde, porem, a vaidade e a ganância sempre me cercaram de mimos e de coisas que até hoje eu não sei para que serviam.
Queria ter pregado mais a paz, porem, como covarde gastei muita munição tentando atingir amigos e desconhecidos que não usavam coletes a prova de balas e nem blindados no coração.
Queria ter sido mais forte, porem, ri dos vencidos e bajular os mais ricos sempre me pareceu o caminho mais curto para o esconderijo secreto das minhas fraquezas.
Queria ter dito mais a verdade, porem, a mentira sempre foi moeda de troca para comprar o respeito e admiração das pessoas fúteis e de almas vazias.
Queria que o mundo fosse mais justo, porem, avarento de nascença fui o primeiro a esconder o Sol na palma da mão, antes que o vizinho o fizesse e mesquinho provocação escondi as mãos com Lua para que os poetas não a cortejassem.
Queria ter dito mais besteiras, porem, fui desses idiotas amantes das proparoxítonas e sujeito oculto dos bate-papos de botecos de esquina onde a vida não acontece por decreto.
Queria ter colhido mais flores, porem, o medo de espinhos afugentou a primavera e outono que sempre fui plantei inverno quando a terra pedia verão.
Hoje queria ter acordado mais cedo, porem, temo que pra mim seja tarde demais.


Sergio Vaz

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